sábado, novembro 11, 2006

A lenda no Planalto Central

New Order leva quase oito mil ao Nilson Nelson
Ronaldo de Oliveira/CB
Banda inglesa agitou ginásio no primeiro show da turnê
Com uma hora de atraso, Brasília recebeu nesta sexta-feira (10) uma das mais importantes bandas de rock da Inglaterra. No palco do Ginásio Nilson Nelson, o New Order brindou os brasilienses com primeiro show da turnê no Brasil. Todos estavam de preto, com exceção do baterista Stephen Morris, que vestia uma camisa cinza. Bernard Summer segurando uma taça – que parecia ser de vinho – saudou o público com um “buenas noches”, para, em seguida, dizer em inglês: “É bom estar em Brasília. É muito bom estar no Brasil, lembramos da última vez que estivemos aqui”, se referindo às apresentações que fizeram em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, em 1988. A primeira da noite foi Crystal, do álbum Get Ready (2001). Como já era previsto - dada a acústica ruim do local -, o som estava muito abafado e quase não dava para ouvir o baixo de Peter Hook.

Quem imaginava que só fosse escutar os hits lá pelo meio do show, se enganou. Logo no início, Summer anunciou Regret, levando a platéia à loucura. Nesta música – como em muitas outras -, os olhos se fixavam no baixista. Hook enlouquecia os fãs com os solos e uma performance de dar inveja em qualquer um. Sem entrar no set list há algum tempo, Love Vigilantes foi o clássico inesperado da noite. Summer pega uma espécie de “teclado de sopro”, fazendo os acordes iniciais. O engraçado era ele agradecendo com um “gracias” a cada música tocada.

A essa altura o som ainda estava abafado. Quem estava na área vip quase não ouvia a voz do vocalista, inclusive ele mesmo pediu para que aumentassem o microfone. Um dos momentos mais aguardados da noite, além dos clássicos, era o anúncio de alguma música do Joy Division. E ele veio na sexta música. Transmission foi uma das três tocadas do grupo que deu origem ao New Order – Shadowplay estava na lista, mas não foi tocada. Em Atmosphere, Peter vai ao microfone e dedica a Ian Curtis – vocalista do Joy, que se suicidou em 1980.

Em Guilt Is A Useless Emotion, do último disco, Bernard larga a guitarra e sussurra um “i need your love”, repetindo-o várias vezes. Nesse momento o som deu uma melhorada e pode-se ouvir todos os instrumentos com mais clareza. O show começa a esquentar e tomar ares de boate quando True Faith é anunciada. A música ganhou uma versão “remixada” ao vivo. Uma das mais esperadas da noite, Bizarre Love Triangle, foi cantada pelo público do início ao fim. Interessante é ver Stephen Morris tocando essa música. Ele faz as mesmas “caras e gestos” do clipe. Peter, incansável mais uma vez, ia de um lado a outro do palco. Quieto no canto direito do palco, o tecladista/guitarrista Phil Cunningham demonstrava um pouco de timidez.

Embalado com as batidas dançantes, o público se esbaldava com Temptation, The Perfect Kiss - nessa hora o baixista esbarra numa das caixas de retorno e quase cai -, e Blue Monday, uma atrás da outra. Foi o melhor momento da apresentação. Bernard Summer agradeceu e saiu para voltar no “defasado” bis da noite. Quase cinco minutos depois eles voltaram com a ótima Turn e, claro, Love Will Tear Us Apart, uma das músicas de rock mais tocadas de todos os tempos. O último a deixar o palco foi Peter Hook, que, depois de 1h40 de muita agitação, ainda saiu tocando a música até sumir nas fumaças. Bem New Order.

"Peter Hook Is God"
Das quase oito mil pessoas no Ginásio Nilson Nelson, uma em especial chamava a atenção. Com uma camiseta com os dizeres “Peter Hook Is God”, o DJ Renato Bueller, 19 anos, era só emoção. “Que show maravilhoso. Apesar de o som no início não está muito bom, o show foi lindo. Peter Hook roubou a cena, como sempre”, disse Renato, que chegou no local do show às 14h somente para pegar um lugar melhor na frente. Acabou ganhando um presente: assistiu a passagem de som que a banda fez à tarde.

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