sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Determinando novos caminhos para o pop






















Franz Ferdinand in Brasília.

“Você não pode mais tocar aquela batida, faça outra coisa!”, ironizou Alex Kapranos, líder do quarteto escocês Franz Ferdinand, ao baterista Paul Thomson, após uma reunião, em 2007, que definiu o futuro da banda. A batida em questão, da música Take me out, marcou a trajetória do grupo e influenciou uma geração de roqueiros na última década. Para não cair na mesmice, eles decidiram transformar o próprio som. O resultado foi registrado em Tonight: Franz Ferdinand — CD lançado em 2009 que originou a turnê homônima que chega ao Brasil em março, com show em Brasília no dia 21.

A banda começou tirando parte dos marcantes solos de guitarra e transferindo para bases de baixo e sintetizadores. Mas foi com experimentações acústicas que, de acordo com o guitarrista e vocalista Nick McCarthy, o álbum ganhou charme. “Decidimos ficar um tempo em Glasgow (Escócia), nossa cidade natal, para nos concentrarmos no projeto.

Alugamos um prédio da antiga prefeitura, que estava vazio, era barato e podíamos usar o tempo que fosse preciso, e transformamos em um estúdio. Era fantástico. Podíamos gravar em diversos lugares diferentes, cada espaço provocava um som”, detalhou à reportagem do Correio.

O auditório foi adaptado para o estúdio, enquanto outras salas eram improvisadas para experimentações. Algumas peculiaridades e esquisitices se tornaram marcas que permeiam o CD. O eco gerado pelas paredes de tijolos do porão, por exemplo, possibilitou o peso punk em What she came for; enquanto o som de choque entre ossos humanos, comprados por McCarthy em um leilão, substituíram a percussão no refrão de No you girls. Para completar diversas faixas, um microfone pendurado no teto, em movimento pendular, registrou a reverberação dos solos de guitarra que saíam das caixas de som.

Naquele “quartel-general secreto”, eles tiveram o auxílio do experiente produtor Dan Carey, conhecido pelas parcerias em músicas de Kilye Minogue, Hot Chip e Sia Furler. Mas no palco, as coisas prometem ser menos experimentais e mais rock’n’ roll. “Ali é guitarra, bateria, baixo, teclado e, pra modernizar, um pouco dos sintetizadores. Não vamos repetir o novo CD, nosso objetivo é fazer as pessoas se divertirem. Claro que nos apoiamos também em bom trabalho técnico, com sons e luzes, mas confiamos mesmo é no nosso diálogo com o público”, garante McCarthy.

Entre lembranças saudosas de Glasgow, onde compartilharam um efervescente cenário musical com Belle & Sebastian, Travis e The Frattellis, e histórias de turnês, McCarthy adiantou que já existem músicas para um próximo álbum. “Escrevemos algumas coisas, mas agora não é hora de pensar nisso”, ponderou. “Queremos mesmo é mostrar esse trabalho que nos deixou muito satisfeitos.”

Bênção de Bono

A sintonia entre os escoceses e fãs brasileiros tem sido intensa, alimentada três vezes em passagens do grupo pelo país. A primeira ocorreu sob a benção de Bono Vox e o U2, que trouxeram o Franz para abrir shows em São Paulo em 2006. Eles voltaram no mesmo ano para uma apresentação na casa de shows Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e em setembro de 2009 para uma pequena apresentação pré-turnê no clube The Week, em São Paulo. Existem, de acordo com McCarthy, fãs que batem carteira em todos os shows, mas nada comparado com “uma fã americana, muito rica ou muito louca, que perseguiu a turnê em todo os Estados Unidos.”

Em Brasília, a multidão que deve lotar o Marina Hall em 21 de março mistura assíduos frequentadores de shows e fãs antigos que vibraram com a primeira oportunidade de ver os ídolos ao vivo. Como o servidor público Moisés Coelho, 26 anos, que desde 2004, ano de lançamento do primeiro álbum da banda, espera a chance de ir a um show dos escoceses. “Quando ouvi Take me out pela primeira vez, logo procurei o CD. Gosto porque eles fazem excelentes canções pop — no melhor termo do sentido. Não foi à toa que se sobressaíram a tantas bandas que estouraram no mesmo período, como Kaiser Chiefs e Bloc Party”, acredita.

Moisés, que aguardava com ansiedade a vagarosa confirmação do show, prometido em novembro de 2009, comprou seu ingresso poucos dias após o anúncio das vendas, iniciadas em 9 de fevereiro. Agora, resta levar março com paciência, seguindo a cartilha do bom fã: decorar as músicas e reservar muita energia — desta vez, sem precisar viajar centenas de quilômetros para conferir os shows no Rio de Janeiro ou em São Paulo.


POR QUE IR AO SHOW?
Músicos de Brasília influenciados pela banda destacam o que a grupo de Glasgow tem a oferecer


FRANZ FERDINAND BRAZIL TOUR 2010
Em 21 de março, às 19h, no Marina Hall. Segundo lote de ingressos a R$ 140 e R$ 70 (meia). Pontos de venda: Ingresso.com.br, Mormaii (dinheiro) e Lojas Americanas (cartão). Não recomendado para menores de 16 anos.

Ouça trecho da música No you girls, de Franz Ferdinand


EU VOU...





“Gosto de Franz Ferdinand desde a estreia, quando lançaram Take me out e This fire, e venho acompanhando a carreira deles. A apresentação de uma banda desse porte em Brasília é imperdível, tanto que até alguns amigos de outras capitais estão pensando em vir. O pessoal está animado, e acho que a banda será contagiada por toda essa energia!
Ricardo Bortoli, 22 anos, estudante











O Franz Ferdinand é uma das melhores bandas da atualidade. No meio de tantos estilos diferentes, eles conseguiram produzir um som marcante e original, unindo o rock dos anos 1960 aos 2000 de forma brilhante. Guitarras gritadas, voz suave e baterias dançantes para tocar uma noite inteira.
Zé Mendes, vocalista da banda The Pro














Tomei contato com o trabalho deles ao ouvir músicas na balada e, como são muito dançantes, se tornaram parte do meu set. This fire, minha favorita, se destaca pela conotação e brincadeira da letra. Em Tonight, eles deixaram as guitarras de lado, se ligaram nos sintetizadores e continuaram bons.
Alessandra dos Santos, DJ (Cansei de Ser Cult)













Eles têm influência importante na música, muitas bandas mudaram o jeito de tocar, seus timbres e baterias, por causa do som deles. O Franz me chamou atenção pelas guitarras, seus timbres e linhas com boas combinações; algo similar com o que a gente tenta fazer na Tiro Williams.
Moraes, vocalista da banda Tiro Williams














A Franz foi uma das primeiras bandas a trazer para o mainstream essa releitura do disco-punk que tomou forma na década passada. Fizeram isso com um estilo que, embora não fosse completamente inédito, se tornou identidade da banda. Lançaram músicas que funcionaram quase como hits instantâneos para as pistas, sempre dançantes, e com sensibilidade pop.
Vitão Milionário, DJ (Indiecent Music)

Nenhum comentário: